28.4.12

Desenhos ...

E agora algo completamente ... diferente?




26.2.12


The Partisan


When they poured across the border
I was cautioned to surrender,
this I could not do;
I took my gun and vanished.
I have changed my name so often,
I've lost my wife and children
but I have many friends,
and some of them are with me.

An old woman gave us shelter,
kept us hidden in the garret,
then the soldiers came;
she died without a whisper.

There were three of us this morning
I'm the only one this evening
but I must go on;
the frontiers are my prison.

Oh, the wind, the wind is blowing,
through the graves the wind is blowing,
freedom soon will come;
then we'll come from the shadows.

Les Allemands e'taient chez moi,
ils me dirent, "Signe toi,"
mais je n'ai pas peur;
j'ai repris mon arme.


J'ai change' cent fois de nom,
j'ai perdu femme et enfants
mais j'ai tant d'amis;
j'ai la France entie`re.

Un vieil homme dans un grenier
pour la nuit nous a cache',
les Allemands l'ont pris;
il est mort sans surprise.

Oh, the wind, the wind is blowing,
through the graves the wind is blowing,
freedom soon will come;
then we'll come from the shadows.


25.2.12

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.



Alexandre O`Neil


Days
Big Jet Plane


19.2.12

Can`t Go To Sleep  (Without You)


18.2.12

Trevas
De dia não se via nada, mas p'la tardinha já se apercebia gente que vinha de punhaes na mão, devagar, silenciosamente, nascendo dos pinheiros e morrendo nelles. E os punhaes não brilhavam: eram luzes distantes, eram guias de lençoes de linho escorridos de hombros franzinos. E a briza que vinha dava gestos de azas vencidas aos lençoes de linho, azas brancas de garças caídas por faunos caçadores. E o vento segredava por entre os pinheiros os mêdos que nasciam. 

E vinha vindo a Noite por entre os pinheiros, e vinha descalça com pés de surdina por môr do barulho, de braços estendidos p'ra não topar com os troncos; e vinha vindo a noite céguinha como a lanterna que lhe pendia da cinta. E vinha a sonhar. As sombras ao vê-la esconderam os punhaes nos peitos vazios. 

A lua é uma laranja d'oiro num prato azul do Egypto com perolas desirmanadas. E as silhuetas negras dos pinheiros embaloiçados na briza eram um bailado de estatuas de sonho em vitraes azues. Mãos ladras de sombra leváram a laranja, e o prato enlutou-se. 

Por entre os pinheiros esgalgados, por entre os pinheiros entristecidos, havia gemidos da briza dos tumulos, havia surdinas de gritos distantes - e distantes os ouviam os pinheiros esgalgados, os pinheiros gigantes. 

A briza fez-se gritos de pavões perseguidos. E as sombras em danças macabras fugiam fumo dos pinheiraes p'lo meu respirar. 

Escondidas todas por detraz de todos os pinheiros, chocam-se nos ares os punhaes acêsos. Faz-se a fogueira e as bruxas em roda rezam a gritar ladainhas da Morte. Veem mais bruxas, trazem alfanges e um caixão. Doem-me os cabellos, fecham-se-me os olhos e quatro anjos levam-me a alma... Mas a cigarra em algazarra de alêm do monte vem dizer-me que tudo dorme em silencio na escuridão. 

Veiu a manha e foi como de dia: não se via nada. 



Almada NegreirosBlack Crow

8.2.12




Escrevo-te a sentir tudo isto

escrevo-te a sentir tudo isto
    e num instante de maior lucidez poderia ser o rio
    as cabras escondendo o delicado tilintar dos guizos nos sais de prata da
fotografia
    poderia erguer-me como o castanheiro dos contos sussurrados junto
ao fogo
    e deambular trémulo com as aves
    ou acompanhar a sulfúrica borboleta revelando-se na saliva dos lábios
    poderia imitar aquele pastor
    ou confundir-me com o sonho de cidade que a pouco e pouco morde a
sua imobilidade

    habito neste país de água por engano
    são-me necessárias imagens radiografias de ossos
    rostos desfocados
    mãos sobre corpos impressos no papel e nos espelhos
    repara
    nada mais possuo
    a não ser este recado que hoje segue manchado de finos bagos de romã
    repara
    como o coração de papel amareleceu no esquecimento de te amar
 


Al Berto
When Your Love Is Safe


22.1.12

I Will Lay You Down


21.1.12

Just a Song



soneto do amor e da morte

quando eu morrer murmura esta canção 
que escrevo para ti. quando eu morrer 
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser, 
se inda neles a luz esmorecer, 
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer, 
sempre a doer de tanta perfeição 
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Vasco Graça Moura



20.1.12

This Is For




16.1.12


Amoureux Solitaires





Deitei a cabeça em cima da fotografia

deitei a cabeça em cima da fotografia
e com a respiração despertei teu corpo
do sítio penumbroso onde viveras
o tempo não se gastou
passei estes anos a colocar as coisas
nos seus devidos lugares
ainda ouço
a voz outonal das palmeiras e o murmúrio
do vento cercando a casa protegida pelo bolor
era uma pequena ilha dizias
onde os ruídos duma vida anterior a esta
dormitavam ainda

agora está tudo arrumado
agito-me em volta das coisas
mas nada posso corrigir
o que está feito está feito

levanto-me daqui e corro para o telefone
tento saber se estás onde penso existir
uma cidade... ninguém responde

onde estarás?
deste ou do outro lado do telefone?
um puto irrompe da insónia
deitando-me a língua de fora

de qualquer maneira não consegui a ligação

                                                                   Al Berto


15.1.12

Let Me Love You


Dry Ice



      Sigur Rós (click)

Olsen Olsen


... para ver em ecrã total e ouvir em silêncio ...



...
...
...
O Silêncio

Quando a ternura 
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos 

e procuram 
nos meus navegação segura, 

é que eu te falo das palavras 
desamparadas e desertas, 

pelo silêncio fascinadas. 

Eugénio de Andrade


Love Like a River